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Resenha livro: Psicologia das massas e análise do eu – S. Freud

Apesar desse livro ser na minha opinião uma fonte importante para entendermos o fenômeno do nazi-fascismo, ele foi escrito em 1921, no período entre guerras. O livro não é uma análise a respeito do nazismo. Mas, vocês vão perceber que dá para compreendermos muita coisa a respeito do nacional socialismo e outros movimentos de massa posteriores a Freud.

Para compor “Psicologia das massas e análise do eu, Freud” dialogou com outros autores como Gustave Le Bon que escreveu “Psicologia das Multidões” e com Willian Mc Dougall que escreveu “Mente Grupal”, além de filósofos como Nietzche e Kiekegard.

A partir de Le Bon, Freud nos diz que o indivíduo na multidão perde a sua personalidade e adquire a personalidade do grupo. A pessoa não é mais ela mesma, mas uma pessoa desprovida de vontade, como se ela estivesse passado por uma lavagem cerebral.

A massa é completamente desprovida de crítica, os sentimentos dela são sempre muito exagerados, ela não conhece dúvidas nem incertezas. Todos os instintos brutais e destrutivos que dormitam são despertados para a livre satisfação dos impulsos.

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Jesus “ariano” e o Natal no nazismo

Hitler nunca escondeu a antipatia que ele tinha pelo cristianismo. No entanto, 95% da população alemã era cristã, portanto, era impossível erradicar a religião cristã de uma hora para outra.

Então, a ideia dos nazistas era “limpar” o cristianismo do judaísmo. Para isso, eles criaram até um instituto para Estudo e Erradicação da Influência Judaica da Vida Religiosa Alemã.

Alguns teólogos nazistas estavam reescrevendo a bíblia, começando pela Bíblia Cristã, pelo Novo Testamento.

Jesus, portanto, deveria ser transformado em “ariano”. Na nova bíblia cristã nazista, Maria e José eram “arianos”. Jesus ao invés de, como acreditam os cristãos, ser o Messias judaico era na verdade um opositor dos judeus.

Importante enfatizar que havia teólogos discutindo isso, antes do nazismo, porém no Terceiro Reich essa ideia foi colocada em prática.

O nazismo retirou as cruzes das igrejas e as substituiu por suásticas.

Dessa maneira como ficou o Natal no nazismo?

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Resenha livro: Como se tornar um fascista – Michela Murgia

“Instruções para se tornar um fascista” é um livro urgente, que nasce para nos mostrar como agem os fascistas e como eles atuam nas democracias para destrui-las.

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Resenha livro: Um Mundo sem Judeus – Alon Confino

Alon Confino é um historiador israelense. Atualmente, ele atua como diretor do Instituto de Estudos sobre Holocausto, Genocídio e Memória e professor de História e Estudos Judaicos na Universidade de Massachusets.

Alon Confino

O autor busca explicar o Holocausto a partir do imaginário e das fantasias nazistas.

Confino não invalida as outras teorias a respeito da Shoah, como por exemplo da Hannah Arendt que propõe que a mentalidade que gerou o Holocausto foi forjado pelos europeus no Imperialismo na África e na Ásia e no antissemitismo, que surgiu muito antes do nazismo.

Nem também sobre a ligação entre a modernidade e o Holocausto, sobre as partes técnicas que possibilitaram o genocídio, como a mentalidade industrial, locomotivas, desenvolvimento da química, biologia. Nada disso é desprezado. Dessa maneira, o autor recorre ao inconsciente nazista (embora ele não utilize essa palavra) para poder explicar o que levou os alemães a cometerem tantas atrocidades.

Os nazistas colocavam os judeus como responsáveis por tudo que era ligado a modernidade: bolchevismo, marxismo, liberalismo, capitalismo, conservadorismo, pacifismo, ateísmo, democracia, aborto, feminismo, homossexualidade e o aborto.

Pela arte da Bauhaus, pelo jazz, impressionismo, pós impressionismo, cubismo, dadaísmo e expressionismo. Tudo isso eram ideias abominadas pelo nazismo e eles creditavam a criação de tudo isso aos judeus.

O que os alemães começaram a imaginar foi uma Alemanha “pura”, sem os judeus e os vícios modernos.

Propaganda nazista. Os judeus apareciam com poderes sobrenaturais.

O autor nos mostra que não estava em voga somente as ideias raciais, mas os nazistas se colocaram numa cruzada contra tudo isso que eu citei e os judeus eram os grandes inimigos e responsáveis por todos esses males.

Os autores de origem judaica tiveram seus livros queimados em piras, para simbolizar que eles estavam queimando todos o pensamento judaico. Autores como: Freud, Marx e Rosa Luxemburgo eram considerados os principais inimigos.

A obsessão com os judeus era resultado não de uma crença nos judeus como fracos e insignificantes, mas, ao contrário, a crença em seus incríveis poderes.

Os nazistas imaginavam um mundo sem judeus até em lugares que não existia judeus.

Havia cidades que não tinha comunidade judaica, e os alemães escreviam em pensões, restaurantes etc essa cidade está livre de judeus.

Um ponto muito importante apontado pelo autor foi a queima da Bíblia Hebraica e o fato dos nazistas estarem reescrevendo a história judaica, colocando os arianos no lugar.

Os alemães queimaram rolos e rolos da Torá, queimaram também a Tanah a Bíblia Hebraica.

Os rolos da Torá foram pisoteados, levados de bicicleta, amarrados nas costas dos judeus, atirados em rios, despedaçados e incendiados.

Apesar de nunca esconderem a raiva que eles tinham dos cristãos, os nazistas nunca consideraram erradicar o cristianismo, mas erradicar as raízes do judaicas do cristianismo.

Dessa maneira, eles pretendiam reescrever a Bíblia Hebraica (o Velho Testamento) e colocar os arianos no lugar dos judeus.

Jesus passaria a ser o Messias do povo ariano, sendo também um ariano.

Do ponto de vista do autor a sociedade ocidental seria varrida junto, porque da mesma forma que o nós somos herdeiros da Grécia e de Roma, somos herdeiros também da cultura judaica.

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Resenha livro: Pssica – Edyr Augusto

“Pssica” é um livro da literatura brasileira, autoria do paraense Edyr Augusto.

A palavra pssica vem do nhagatu – um idioma indígena e significa mal agouro. Em um momento da trama um dos personagens fala que alguém jogou uma pssica nele.

A narrativa me chamou a atenção por ter o tráfico de mulheres para prostituição como pano de fundo. Também, o livro fala sobre os “ratos d’água”, os piratas de rio.

O tráfico de mulheres para fins de exploração sexual é uma das indústrias mais lucrativas do mundo, depois do tráfico de drogas e do tráfico de armas.

Segundo os dados do Escritório das Nações Unidas para as Drogas e o Crime, 80% das vítimas do tráfico humano são mulheres e meninas.

Países de origem são os locais onde o tráfico acontece , depois de cooptadas as mulheres são levadas para um país de trânsito e posteriormente ao destino.

O Brasil funciona como país de origem e de destino.
A China é o destino da maioria das brasileiras cooptadas para exploração sexual, além de Portugal, Espanha e França.

A América Latina tem sido a terceira maior fonte de tráfico humano do mundo, depois do Sul e Sudeste asiático, sendo o Brasil, Colômbia, República Dominicana e Equador os países de maior fluxo.

O autor explicou em uma entrevista, que Belém é uma cidade onde há uma elite muito rica cercada por um cinturão de pobreza. Nessa situação muitos pais vendem as filhas para a prostituição.

É dentro desse contexto que o autor trabalha a história.

Janalice é a protagonista da narrativa. Uma menina de 14 anos, que tem um vídeo vazado na internet, em que ela faz sexo com o namorado.

Seus pais a fim de separá-la do rapaz a manda viver no centro de Belém com a tia, onde ela passa a ser abusada sexualmente pelo tio.

Belém, Pará.

Procurando algum conforto diante da situação, ela faz amizade com uma menina usuária de crack, que a vende para o tráfico de pessoas.

Janalice é raptada e transformada em prostituta e literalmente vendida a homens.

As cenas são terríveis, dá um profundo desespero ver como essa realidade funciona. As mulheres são drogadas e prostituídas, chegando a fazer sexo com 20 homens em uma noite.

O segundo núcleo da história versa sobre o personagem Manoel Tourinhos, um rapaz angolano, que por ser branco foi apelidado de Portuga, ele vive na Ilha do Marajó.

Ilha do Marajó.

Portuga serviu no exército durante a revolução angolana. Por isso, guardava armas dentro de casa.

Sua vida muda completamente quando seu armazém é assaltado pelos “ratos d’águas”.

Algo acontece e ele procura vingança.

Nesse núcleo também está presente o Preá, um rato d’água, que acabará conhecendo a Janalice.

O autor disse em uma entrevista: “Na minha região, que é de muita capilaridade, os rios são as ruas. As pessoas trafegam em navios grandes, navios pequenos. E esses ratos d’água atacam não só as grandes balsas, mas, também, sobretudo as pessoas. Eles são muito violentos. Eles usam a violência como uma expressão de força. Eles machucam as pessoas. Eles estupram as mulheres na frente dos cônjuges pra que todos vejam a violência deles. A lei quase não chega ali e é determinada pelo mais forte. O arquipélago do Marajó tem quase cem ilhas. É uma área que não tem muitos recursos, não tem lanchas disponíveis, não tem pessoal disponível”

Essa realidade é mostrada ao longo da narrativa. O autor dá bastante destaque a terrível violência praticadas pelos piratas de rio.  

O livro é muito escrito, a leitura é frenética e sempre ficamos com aguçados para saber o que vai acontecer.

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Resenha livro: A Parte Obscura de Nós Mesmos – Élisabeth Roudinesco

Élisabeth Roudinesco nasceu em 1944, em Paris, ela é historiadora e psicanalista. Biógrafa de Freud e Lacan trabalha para a divulgação da Psicanálise, se dedicando em falar também sobre a Revolução Francesa, Filosofia e Judaísmo.

 Em “A Parte Obscura de Nós Mesmos”, a autora apresenta e interpreta a história dos perversos no Ocidente.

Ela analisa algumas figuras como o Giles de Rais (Barba Azul), os santos místicos flagelantes, o marquês de Sade, a medicina mental do século XIX e Rudolf Höss (comandante de Auschwitz-Birkenau), que será nosso foco.

O que é um perverso?

Desde o surgimento do termo é considerado perverso aquele que se deleita com o mal e a destruição de si e do outro.

Os nazistas se arrogaram no direito de decidir quem devia ou não habitar o planeta Terra. Da mesma forma, o mal radical era fruto de um sistema que repousava na ideia de que somente as “raças superiores” poderiam viver.

Rudolf Höss foi um oficial da SS,  guarda no campo de concentração de Dachau, ajudante no campo de concentração Sachsenhausen e posteriormente comandante do campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau.

Rudolf Höss e Mengele em Auschwitz-Birkenau.

Segundo Roudinesco, Höss não se parece nem com Eichmann, Himmler, Göring, pois os três negaram seus crimes.

Certo de que seria executado, Rudolf procurou em seu depoimento não negar atos genocidas, mas explicá-los. Ele acreditava que poderia ser julgado como um herói de bom coração.

Para ele as vítimas tinham desejado sua destruição, os carrascos seriam meros executores de uma vontade autopunitiva.

“Que o grande público continue então a me considerar uma besta feroz, um sádico cruel, o assassino de milhões de seres humanos – as massas não poderiam fazer outra ideia do ex comandante de Auschwitz. Elas nunca compreenderão que, eu também, tinha um coração…”

 Para propagar uma boa imagem de si mesmo, Höss relata sua tranquila infância camponesa e católica entre um pai grotesco, de uma rigidez terrível, e uma mãe completamente estúpida. (palavras dele)

Rudolf descreveu o mundo urbano como corrompido, em contraposição à Floresta Negra um lugar puro, até o dia em que foi raptado por ciganos, enquanto brincava no bosque. (Ninguém sabe se isso foi real)

Rudolf Höss na prisão.

Assim, ele passou a buscar a companhia de animais: “O pônei era meu único confidente, apenas ele, eu acreditava, era feito para compreender. A afeição familiar e fraterna não estava em minha natureza…”

Aos 13 anos planejou entrar de forma séria no catolicismo e já se viu como “missionário na África, empenhado em abater os ídolos e levar aos nativos as dádivas da civilização.”

O sonho acabou, quando o padre contou sua confissão a seus pais, Rudolf tinha empurrado um colega de escola. A partir desse momento, ele ficou ressentido com a Igreja e com Deus.

Em 1915, entrou no exército decidido a fazer carreira de oficial como seu pai.

Lutou na frente turca, na Palestina e mata a sangue frio um soldado do Exército Indiano, um hindu, como ele diz: “Meu primeiro morto, rompi o círculo mágico”.

Convicto de pertencer à uma “raça superior” viu a derrota da Alemanha, como uma extrema humilhação, assim como o Tratado de Versalhes.

Como oficial da SS foi transferido para o campo de concentração de Sachsenhausen, onde ele se confronta com as Testemunhas de Jeová.

Höss se deliciava ao ver as vítimas cantando diante dos pelotões de fuzilamento.  Rudolf ficava imaginando os primeiros cristãos sendo comidos por leões nas arenas do Império Romano.

Em Auschwitz, um dia chegou um prisioneiro político, que se dizia “príncipe da Romênia”. Segundo os nazistas, o rapaz era masturbador, fetichista e estava inteiramente tatuado com desenhos pornográficos.

Höss arrebatado pelo voyerismo começa a espionar o prisioneiro trocando de roupa e “fazendo outras coisas”.

O comandante do campo começa a destinar o príncipe para os piores trabalhos possíveis, até que ele falece.

A consideração de Rudolf: “era uma benção do céu para ela (mãe do rapaz) e para ele próprio. Ele se tornara intolerável em toda parte em função de sua vida sexual desregrada.”

Höss omitiu dos Aliados o caso que ele teve com uma prisioneira política alemã, depois ele tentou assassiná-la grávida.

Morando em uma casa próxima a Auschwitz, ele e sua família não se incomodavam com o cheiro de carne queimada, que saía pelas chaminés. Sua esposa nunca compreendeu, ou nunca quis compreender, a natureza do trabalho do marido.

Rudolf Höss no dia da sua execução.

Enquanto trabalhava na Solução Final zelava para dar uma “boa educação” aos filhos, cercando-os de patos e cobras.

Imerso na banalidade do mal, impregnado por uma incrível estupidez e idolatrando um “Führer”, segundo Roudinesco em outro contexto, Höss poderia ter se tornado um traficante de drogas, pedófilo ou estuprador.

Estava nítido que ele não sentia nenhuma empatia por ninguém, nem por si mesmo, era um perverso.

Höss foi posteriormente acusado e condenado de perpetrar diversos crimes de guerra. Entre suas atrocidades mais conhecidas estão os testes, que ele supervisionou, da introdução do pesticida Zyklon B, para acelerar o processo de matança dos prisioneiros.

Em 25 de maio de 1946, Rudolf  foi entregue às autoridades polonesas e para o Supremo Tribunal Nacional. Seu julgamento por lá durou de 11 a 29 de março de 1947. Em 2 de abril sentenciado à morte por enforcamento.

 A sentença foi executada no dia 16 de abril de 1947, na entrada do que outrora fora o crematório do campo de concentração e extermínio de Auschwitz I.

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Resenha livro: Mengele. A História Completa do Anjo da Morte de Auschwitz – Gerald L. Posner e John Ware

Josef Mengele foi um médico alemão e oficial da SS, que atuou como médico chefe em Auschwitz-Birkenau (1943-1945).
Mengele era responsável pelo processo de seleção, escolhendo quem viveria e quem morreria. Consta que ele enviou cerca de 400 mil prisioneiros para a câmara de gás, além de realizar experimentos médicos em cobaias humanas, principalmente gêmeos.

Josef Mengele.

O “Anjo da Morte”, como ficou conhecido, era o filho mais velho de industriais alemães do ramo agrícola. Seu pai – Karl Mengele era grande apoiador de Hitler.

Josef não era conhecido por ser um rapaz brilhante, seu nível na faculdade era mediano. Seu grande sonho era se tornar um doutor, para isso ele se formou em medicina e antropologia.

Antes de ir para Auschwitz, Mengele serviu no front leste europeu, onde ganhou a Cruz de Ferro. Porém seu grande sonho era realizar pesquisas e o campo de concentração e extermínio era o local ideal, ali ele não precisaria cumprir nenhuma ética.

Em Auschwitz a função de Josef era selecionar os prisioneiros que chegavam para a morte imediata nas câmaras de gás, ou morrer aos poucos pelo excesso de trabalho, fome e doenças.

Para cumprir esse serviço os outros médicos se embebedavam, porém Mengele realizava o trabalho sóbrio.

De acordo com testemunhas, ele tinha um temperamento sádico, ao mesmo tempo, que às vezes oferecia doces para as crianças, que ele utilizava como cobaias.

Em um dia, Josef assassinou uma moça judia com extrema brutalidade e depois pegou um sabão perfumado e lavou as mãos como se nada tivesse acontecido.

Os experimentos realizados por ele e outros médicos em Auschwitz-Birkenau não teve valor científico algum.

Com os soviéticos chegando perto, Mengele sabia que nunca poderia cair nas mãos do Exército Vermelho.

Assim, ele fugiu levando consigo todas as documentações de suas experiências. No meio do caminho confiou o material à uma enfermeira alemã, que dificilmente seria torturada pelos russos devido a sua profissão.  

Com identidade falsa, Mengele conseguiu chegar ao sul da Alemanha e se fingiu de camponês, conseguindo trabalho em uma fazenda.

Ele se demonstrava sempre esquivo e com medo de ser reconhecido, mas nunca deixou de mostrar um temperamento explosivo.

Quando a procura por criminosos de guerra começou a apertar, Mengele se viu compelido a fugir da Alemanha e foi para a Argentina.

Josef Mengele idoso.

Em Buenos Aires viveu a princípio uma vida sem nenhum conforto, começou a fazer vários “bicos”, até que conseguiu emprego em uma indústria farmacêutica como representante de vendas.

Posteriormente, ele começou a tocar os negócios da família revendendo produtos agrícolas da empresa Mengele.

Sua vida era comum, até o dia em que uma jovem argentina morre por conta de um aborto clandestino, praticado por um médico sem licença.

Assim, a polícia levanta suspeitas de que esse médico poderia ser Josef.

Por conta disso, ele foge para o Paraguai e é protegido pelo governo e por um círculo de nazistas.

Nesse período, o “Anjo da Morte” consegue atingir um pouco de prosperidade financeira comprando terras.

No entanto, o governo paraguaio começa a ser acusado de abrigar nazistas, dentre eles Mengele.

Dessa forma, o médico de Auschwitz decide ir para São Paulo. Apoiado por uma rede de alemães simpatizantes de Hitler, ele consegue ser abrigado pela família Stammer (Gita e Geza Stammer, além de dois filhos do casal) e passa a morar num sítio em Serra Negra.

Mengele no período em que viveu em São Paulo

Nesse lugar é onde ele passa a maior parte do tempo de sua vida. A convivência com as pessoas que moram com ele é muito ruim.

Visto que, Mengele começa a se relacionar amorosamente com – Gita Stammer a revelia de seu marido.

A situação é bastante estranha, pois eles “compartilham” a mesma mulher e fingem que tudo era normal.

Mengele se envolvia na educação dos filhos dos Stammer, alegando que eles eram “brasileiros demais”. Vale lembrar que ele reclamava do jeito “indisciplinado” dos brasileiros e da “baixa inteligência” dos argentinos.

O principal conflito no relacionamento entre eles era o lugar onde a família colocavam as canetas, visto que Josef queria que tudo fosse muito organizado.

Casa onde Mengele habitou em Serra Negra.

Segundo um relato de um rapaz que trabalhou no sítio, “Seu Pedro” tentou construir uma gerigonça que servia para matar cupins, mas que só serviu para espalhar mais cupins por toda a propriedade.

Nesse período, Mengele se torna ainda mais paranoico, com a captura de Eichmann em Buenos Aires pelo Mossad.

Assim, para se defender dos israelenses ele construiu uma torre no sítio, andava armado com um revólver velho e com vários cachorros vira-latas esquálidos (maus cuidados) para proteção.

O Mossad realmente estava caçando Josef incansavelmente e estavam muito próximos. Os israelenses tinham agentes que falavam português vivendo em Serra Negra.

No entanto, houve um problema com um sequestro de uma criança em Israel pelo avô, que não queria que o filho e a nora (pais do menino) voltassem para a URSS e os agentes do Mossad foram designados para encontrar o garoto.

Posteriormente, todos os recursos foram retirados do “Caso Mengele”, devido a construção de foguetes pelos nazistas junto com o governo egípcio.

Josef foi morar ainda com os Stammer em um sítio em Caieiras. Quando a família rompe de vez com ele, o médico nazista vai morar na Estrada Alvarenga, no bairro Eldorado em Diadema, Grande São Paulo.

Então superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Romeu Tuma analisa a ossada de Josef Mengele — Foto: Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal

A casa era um bangalô horrível, extremamente apertada e feia. Nesse período, ele fez amizade com outra família alemã, que também reclama do seu temperamento.

Os novos amigos falam que ele se assustava até com o barulho de escapamentos de carro, pois achava que poderiam ser os israelenses chegando. Vivia uma vida terrível.  

Também se ressentia do filho, que o visitou no Brasil com o objetivo de confrontá-lo a respeito de seu trabalho em Auschwitz.

Vivia amargurado pela primeira esposa que o abandonou e por não poder conviver com a segunda mulher, que ficou na Argentina.

Mengele morreu em 1979, em Bertioga no litoral de São Paulo com um derrame e posterior afogamento. Foi enterrado como indigente.

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Resenha livro: Parque Industrial – Pagu (Patricia Galvão)

Pagu nasceu Patrícia Rehder Galvão (1910-1962). Ela foi escritora, poetisa, diretora, tradutora, desenhista, cartunista, jornalista e militante política.

Patrícia foi a terceira de 4 irmãos de uma família de classe alta do interior de São Paulo.

O apelido “Pagu” foi dado por Raul Bopp, que confundiu seu sobrenome, achou que era Goulart.

Sempre foi considerada uma pessoa avançada para época. Fumava e bebia em público, usava roupas justas e transparentes, além de cabelos curtos.

Patrícia Galvão (Pagu).

Quando tinha 19 anos conheceu o casal de modernistas – Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral, que a apresentaram ao movimento antropofágico e praticamente a adotaram.

Para Pagu se livrar da opressão da família conservadora, Tarsila convenceu Patrícia a se casar por conveniência.

Quando o casal estava indo para Santos, no meio do caminho o marido desce do veículo e Oswald assume.

A jovem era amante dele, posteriormente os dois se casaram, pois Pagu engravidou.

Na década de 30, a moça conheceu Luís Carlos Prestes e se filiou ao PCB.

Pagu com Oswald de Andrade e seu primeiro filho.

Em 1931, Pagu foi presa como militante comunista, durante uma greve dos estivadores em Santos.

Quando foi solta do PCB a fez assinar um documento em que ela se declarava uma “agitadora individual e inexperiente.”

Quando foi à URSS registrou em “Verdade e Liberdade” sua decepção com o comunismo.

O ideal ruiu, na Rússia, diante da infâmia miserável das sarjetas, os pés descalços e os olhos agudos de fome.”

Na França estudou na Sobornne, onde foi presa como militante de esquerda e quase entregue aos nazistas.

Em 1935, já no Brasil, Pagu foi novamente presa e torturada, situação que a deixou 5 anos numa cadeira de rodas.

Nesse período, Patrícia rompe com o Partido Comunista. Doente, arrasada e pesando 44 kilos, ela tenta o suicídio.

Trabalhando como crítica de arte, Pagu foi acometida por um câncer no pulmão e acabou falecendo em decorrência da doença.

“Parque Industrial” foi a primeira obra literária de Patrícia. O romance tem como personagens principais uma coletividade de trabalhadores, com especial ênfase nas mulheres operárias.

Greve dos Operários em 1917.

A linguagem coloquial focaliza cenas de exploração sofridas cotidianamente, seja no ambiente público ou privado.

A técnica utilizada pela autora é a de foto colagem, contendo descontinuidade entre as cenas e os capítulos.

A escrita é frenética como a produção de uma fábrica. Nesse ambiente, os trabalhadores são agredidos por seus patrões.

“Malandros! É por isso que o trabalho não rende!

Sua vagabunda!”

O narrador também aborda o problema dos abusos e assédios sexuais, que ocorrem tanto dentro das fábricas, quanto fora. A elite utiliza do poder financeiro para ludibriar as jovens mais pobres.

Imigrantes italianos na Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo.

Todas as meninas bonitas estão sendo bolinadas.

Os irmãozinhos seguram as velas a troco de balas.

A burguesia procura no Brás carne fresca e nova.

– Que pedaço de italianinha!

– Só figura. Vá falar com ela. Uma analfabeta.

– Pruma noite, ninguém precisa saber ler.”

Outra questão que aparece em “Parque Industrial” é o feminismo. Pagu, através do narrador, critica o feminismo de elite que não contempla as diversas realidades e as diversas etnias existentes no Brasil.

Nesse período, Patrícia está vinculada a ideia stalinista de que o capitalismo iria ruir após a crise de 29, em que pipocariam várias revoluções em vários lugares.

O que Pagu denuncia nessa obra ainda é realidade de muita gente no Brasil. A desumanização ainda ocorre em muitos ambientes de trabalho.

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Resenha livro: “Eu Sou o Último Judeu”. Treblinka (1942-1943) – Chil Rajchman

“Ao chegarmos a esse campo abominável, somos recebidos com vergastadas, que chovem sem trégua.

Nossa atividade consiste em recolher areia de um monte e carregá-la em carrinhos de mão para outro monte. Quase desmaio nos primeiros minutos. Ainda não sei o que carrego nem para onde carrego.

Mas quando chego ao lugar onde esvaziamos os carrinhos de mão, constato que despejamos areia sobre corpos que foram atirados em valas.”

Chil Rajchman conheceu o inferno na Terra. Um inferno chamado Treblinka.

Em “Eu Sou o Último Judeu”, ele nos conta a sua experiência.

Treblinka foi um campo de extermínio nazista localizado na Polônia, ocupada pelos alemães.

O local ficava a 4 Km da estação ferroviária de Malkinia, na linha principal de Varsóvia para Bialystok.

Ele foi construído para assassinar pessoas simplesmente, visto que, não havia nem empresas no local que utilizava mão de obra escrava como acontecia em Auschwitz-Birkenau.

Consta que cerca de 925 mil pessoas foram assassinadas em Treblinka a maioria judeus.

Após uma revolta dos prisioneiros apenas 15 sobreviveram e Chil foi um deles.

O campo de extermínio foi desativado pelos nazistas e no local, eles colocaram um fazendeiro ucraniano como guarda.

Ele nos conta como era a sua rotina em Treblinka. Tudo seguia uma ordem.

Primeiramente, chegava um trem de gado lotado de judeus, enquanto uma orquestra de prisioneiros tocava. O objetivo era acalmar as pessoas.

Depois as mulheres eram separadas dos homens, os nazistas mandavam os judeus escreverem seus nomes nas malas, porque eles iriam retirar depois.

Nesse interim, as mulheres e os homens tinham seus cabelos raspados e depois iam para “tomar banho”, o banho era a câmara de gás.

Uma minoria ficava temporariamente viva para fazer trabalhos internos, como separar os objetos de valor, que iam para Alemanha, raspar os cabelos dos internos, retirar as pessoas mortas das câmaras de gás e jogar as pessoas nas valas comuns e retirar as próteses dentárias de ouro.

Chil nos conta do extremo sadismo dos SS e dos guardas ucranianos, que deixavam as mulheres nuas no relento em temperaturas de 30 graus negativos, os espancamentos, as humilhações, a falta de comida, higiene e os abrigos precários.

Ele nos conta de um SS, que andava com um cachorro, que sob suas ordens estraçalhava uma pessoa.

A violência ocorria de forma sempre gratuita.

Os internos perceberam que os nazistas estavam ocultando seus crimes de guerra, colocando fogo nos cadáveres nas valas comuns.

Então, eles entenderam que ninguém sairia dali vivo, que o objetivo era matar a todos.

Assim, os prisioneiros organizaram uma revolta e assassinaram a maioria dos guardas ucranianos e os SS.

Chil consegue sobreviver com muito custo e com ajuda de pessoas desconhecidas.

Após a guerra, Rajman se mudou para o Uruguai, onde se casou e teve três filhos, vindo a falecer em 2004.

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Resenha livro: Vinte Cartas a um Amigo (Memórias da filha do Stálin) – Svetlana Alliluyeva

Svetlana Alliluyeva nasceu Svetlana Iósifovna Stálina (Moscou, 1926 – Richland, Wisconsin, 2011) e foi a filha mais nova do homem mais temido da União Soviética e um dos mais temidos do mundo.

Em “Vinte Cartas a Um Amigo”, ela conta a sua história.

Svetlana não teve uma vida fácil, pois perdeu a mãe, que se suicidou, quando ela tinha 6 anos de idade. No livro, ela não deixa de responsabilizar seu genitor por isso, qualificando-o como mal marido e mal pai.

Stálin, de acordo com sua filha, era uma pessoa distante, austera e confiava em poucos.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Svetlana pouco via o pai, pois ele vivia cercado por generais, discutindo estratégias de guerra.

O ditador soviético odiava os dois filhos mais velhos:  Yaakov era o filho mais velho do primeiro casamento do pai.

Foto de Yaakov utilizada na propanga nazista.

Ele caiu em maior desgraça, quando se casou com Julia, uma moça judia. Stálin também odiava Vassily, filho do segundo casamento.

Quando o primogênito foi capturado pelos alemães e deportado para um campo de concentração (onde posteriormente faleceu), os nazistas queriam trocá-lo por prisioneiros de guerra.

Stálin não permitiu nenhuma troca, mesmo os generais aconselhando-o a proceder diferente. Yaakov passou a ser utilizado em propagandas nazistas, onde aparecia sujo e magro.

O líder soviético ainda mandou prender a nora, pois os parentes dos capturados eram presos. Quem sobrevivesse aos campos de concentração nazistas não poderiam voltar para a URSS, pois eram acusados de traição.

Vassily era o segundo filho e era odiado pelo pai. Considerado fraco e ineficiente, tinha uma personalidade ansiosa em agradar o pai e nunca conseguiu terminando um alcóolatra.

 Svetlana era a filha de ouro de Stálin. Era quem aparecia nas propagandas ao lado do pai, a fim de humanizá-lo perante as pessoas. A menina era a única a quem o ditador tratava bem.

Posteriormente, ela também caiu em desgraça, em vou contar mais para frente.

Ela nos conta que a mente do pai era dominada por Lavrenty Beria, chefe da NKVD (futura KGB).

Stálin com Svetlana. A menina era a filha de ouro do pai, posteriormente desprezada e esquecida.

Beria era a segunda pessoa mais temida da URSS, depois do próprio Stálin. Estuprador e pedófilo andava pelas ruas escolhendo suas vítimas, que eram capturadas pelos seus capangas, levadas para o seu escritório e no outro dia, a vítima recebia flores para dizer que foi consentido.

Svetlana não nos conta isso, mas consta que ele tentou abusar dela, quando criança. Um dia, o chefe da NKVD mandou seus agentes buscá-la em casa e levá-la ao seu escritório.

Beria com Svetlana no colo e Stálin atrás.

Stálin descobriu e mandou seus guardas costas retirarem a menina de lá.

Beria foi o responsável pelos expurgos, obtendo confissões a partir de tortura. Nem a família da esposa do ditador soviético saiu ilesa, pois duas tias de Svetlana foram condenadas a morte por traição.

Svetlana não tinha um minuto de paz e nem de privacidade. Era seguida por agentes da KGV, não tinha móveis no quarto a não ser uma cama e uma escrivaninha, seu diário era lido e seus cadernos vistos.

O chefe da NKVD tinha olhos dentro da casa de Stálin. A jovem nos conta que uma das suas professoras mal sabia russo, estava ali simplesmente para espioná-la.

Até chegar o dia da jovem cair em desgraça com seu pai, por se apaixonar por um judeu.

Stálin era antissemita, no entanto, sua visão era diferente da de Hitler, que queria eliminar os judeus do mundo, por considerá-los “raça inferior.”

O ditador soviético tinha problemas com a religião judaica, recordando que a URSS fazia culto à personalidade do líder, então uma fé que não se dobra facilmente passa a ser um problema.

Lembrando que ele também chegou a proibir a Igreja Católica Ortodoxa por um período. Também, Stálin tinha problemas com o sionismo e a lealdade para com Israel em detrimento da URSS.

Svetlana jovem.

Por conta do namoro com um judeu, o ditador soviético cortou relações com a filha e mandou o namorado para um Gulag (prisão soviética).

Svetlana posteriormente se casa com outro rapaz judeu. Stálin não proíbe, com a condição de que o genro nunca aparecesse em sua frente.

“Foram os sionistas que te envolveram com o teu primeiro maridinho” – disse-me papai, mais tarde.

Mas papai, para a juventude isto não faz a menor diferença. Que sionismo qual nada! – tentava eu argumentar.

“Não! Tu não compreendes!” – respondeu ríspido. “A geração mais velha está toda contagiada pelo sionismo, e eles ensinam a juventude…” Era inútil discutir.”

Svetlana nos conta também a respeito de figuras, como o “general” Vlássik, guarda costas de Stálin, que mal sabia russo, reunia os mais famosos artistas do país para ditar-lhes como escrever, pintar ou produzir teatro.

Também sobre o “astuto camponês” Nikita Khruschev, que exibia as mãos cheias de trigo, para o chefe ver como “a terra da Ucrânia era rica”, enquanto a população ucraniana passava fome, devido a coletivização forçada do campo, ao todo mais de 3 milhões de pessoas morreram de inanição nesse período.

Em 1970, Svetlana causou furor ao decidir morar nos Estados Unidos, onde faleceu em 2011.

Stálin, como falou Trotski, encontra-se na “lata de lixo da história”.

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Referências: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/historia-yakov-dzhugashvili-o-filho-de-stalin-que-teria-se-rendido-aos-nazistas.phtml

https://www.independent.co.uk/news/world/europe/joseph-stalin-s-hated-son-surrendered-to-the-nazis-archives-reveal-8498745.html